domingo, 19 de junho de 2016

HEDONISMO CRISTÃO


6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle,
7 nEle radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças.
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; 
9 porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. 
10 Também, nEle, estais aperfeiçoados.

Hedonismo é o “dedicação ao prazer como estilo de vida”. É um tipo de vida tipificada pela busca do prazer. A sociedade é extremamente hedonista, o ser humano é hedonista. Creio firmemente que nós, cristãos, precisamos buscar desenvolver um outro tipo de hedonismo, o hedonismo cristão, isto é, um estilo de vida focado na busca do prazer em Cristo. Isto sim está em falta em muitas Igrejas, lares e vidas de crentes. A dedicação pela obra de Deus e a vida piedosa está notoriamente em franco estado de declínio e extinção. Acontece que a nossa alma extremamente pecaminosa e nosso coração enganoso, não querem jamais cooperar com o tipo de vida que Cristo oferece. Daí a necessidade de forçarmos essa busca de modo consciente, focado, disciplinado e até intransigente. Do contrário estamos fadados ao fracasso.

John Piper fala sobre esse tema em seu livro “Em Busca de Deus” (Edições Vida Nova):

“[...] Hedonismo Cristão, a verdade que Deus é mais glorificado em nós quando somos mais satisfeitos nEle. Nós louvamos o que gozamos porque o deleite é incompleto até que seja expresso em louvor. Se não nos fosse permitido falar daquilo que valorizamos, celebrar aquilo que amamos e louvar aquilo que admiramos, nossa alegria não seria completa. Então, se Deus nos ama o suficiente para tornar nossa alegria completa, Ele deve não somente dar-nos Ele próprio; Ele deve também conquistar de nós o louvor de nossos corações – não porque Ele precisa sustentar alguma fraqueza nele mesmo ou nos compensar por alguma deficiência, mas porque Ele nos ama e busca a plenitude da nossa alegria, que pode ser encontrada apenas em conhecê-Lo e louvá-Lo, o mais excelente de todos os seres.” (Voltemos ao Evangelho).

Como conseguir atingir essa meta? É sobre isso que irei discorrer nessa mensagem.

1 – Andando nEle (6-7)

Primeiramente é andando em Cristo, isto é, vivendo a vida com Ele. Imagine se pudéssemos ver Jesus ao nosso lado na sala, no carro, no computador, na rua, etc. Como seria a nossa vida? É fanatismo pensar assim a vida cristã? Creio que não, afinal cremos no Deus que tudo vê, que é onisciente e onipresente. O Senhor Jesus, em Suas Palavras finais, antes de ser elevado às alturas em Sua ascensão, prometeu estar conosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28:20). Portanto, andar com Cristo começa com a atitude de não ignorá-Lo, mas entender e crer que Ele Se faz presente todo tempo conosco, e não só nos cultos e reuniões de oração. É viver para Ele, honrá-Lo, falar com Ele e submeter-se a Ele. Lembremos o que Deus disse a Abraão, e a todos os crentes: “Eu Sou o Deus Todo-Poderoso; anda na Minha presença e sê perfeito.” (Gn 17:1). Andar “em Cristo” é o mesmo que andar com Cristo, andar na presença de Deus. E não se anda na presença de Deus de qualquer maneira, mas em perfeição, ou na sua busca. Ora, pecadores que somos, jamais seremos capazes de atingir 100% da perfeição aqui na Terra, mas no Céu seremos glorificados. No entanto, a ordem de Deus é uma prerrogativa para que busquemos ser perfeitos o tempo todo, e isso é santificação (Hb 12:14).

O próprio texto vai dizer na sequência como é esse andar com Cristo: 
• “nEle radicados”, isto é, enraizados;
• “edificados”, sendo construídos, crescendo;
• “confirmados na fé, tal como fostes instruídos”, vencendo as provações da vida cristã, com alegria e louvor;
• “crescendo em ações de graças”, progredindo, amadurecendo na fé, sempre gratos a Deus por tudo. Ações de graças confirmam que o crente vai bem em dois sentidos: 1 – ele é sempre grato a Deus por tudo, e isso é sinal de maturidade espiritual. 2 – As pessoas agradecem a Deus pela vida desse servo de Deus, visto que ele é uma bênção na vida dos irmãos, e só produz bons frutos.

2 – Não sendo enredados (8-9a)

Ser enredado significa ser envolvido com rede, “colher na rede, embaraçar” (PEB). Trata-se de uma figura de linguagem que aponta para os caçadores de pássaros e outros animais, que utilizavam uma rede para capturá-los. Mas aqui, Paulo se referia às “filosofias e vãs sutilezas” do pensamento, que são contrárias à Palavra de Deus, e que determinam os passos dos ímpios e da sociedade em geral, como uma rede, armadilha, ou teia, que pode embaraçar a caminhada cristã normal. O combate aos falsos ensinos é um dos elementos básicos dessa carta (2:8,15,18). O contexto de Colossos era de grande importância naquele tempo, por estar situada em uma rota comercial que ligava a cidade de Frígia, a leste, com Éfeso no oeste. A cidade vivia sob influência de um “sistema religioso sincrético, isto é, uma mistura de elementos religiosos e filosóficos diversificados, provenientes de culturas orientais, gregas, romanas e judaicas” (EBD Areia Branca). Em Colossos havia o culto a Cibele, que era considerada por aqueles povos pagãos como “a grande mãe e deusa da fertilidade”. Paulo trata dessas questões, visto que havia uma vulnerabilidade latente devido a essa forte cultura pagã.

Nós também vivemos sob influências de culturas e ideologias seculares, e porque não dizer, pagãs. O mundo atual assiste o crescimento de velhas e antigas religiões ligadas ao paganismo (“A Ameaça Pagã”, “Bruxaria Global”, “Verdades do Evangelho X Mentiras Pagãs”, e “Sinais Atuais do Paganismo”, Editora Cultura Cristã), a instalação e cristalização do humanismo, agora num nível explícito de invasão do pensamento cristão, o materialismo, o culto do “eu”, do sexo e do dinheiro. Esse estilo de vida secular, mergulhado no pecado, é claramente ligado a diretrizes de pensamentos e ideologias contrárias às Escrituras. Porém, “Nada há, pois, novo debaixo do céu” (Ec 1:9). Mudou a roupagem, agora tecno e pós moderna, mas as diretrizes que regem o mundo são as mesmas de sempre: o homem desejando viver o mais distante possível de Deus, e satanás sendo adorado. (“Novos Tempos, Velhas Crenças: Crítica do Neo-Paganismo sob uma Ótica Cristã”, de Ricardo Quadros Gouvêa - http://zip.net/bstqvJ).

O recado de Deus aqui é que para não caiamos nas armadilhas ideológicas e práticas que há no mundo. Para experimentarmos o prazer que é ser servos de Deus, precisamos guardar cuidadosamente a nossa mente, não deixando que as ideologias mundanas entrem no nosso pensamento trazendo todo tipo de dúvidas, confusões, esfriamento espiritual e consequente desvio. Esse envolvimento da rede de pensamentos e ideias é muito sutil, e ao mesmo tempo forte e persistente. Como um plano bem elaborado e orquestrado por uma mente perversa, as “filosofias e vãs sutilezas” tomaram conta do mundo e transformaram o modo de viver das pessoas, até de muitos crentes. Esses tais não vivem segundo Cristo, e alguns chegam até a defender que muitos preceitos bíblicos não são para os nossos dias. Exemplo de assuntos difíceis hoje em muitas Igrejas: homossexualidade (há crentes defendendo que pessoas podem já nascerem gays, e que o homossexualismo é genético), fornicação (há crentes defendendo o uso do preservativo como forma de amenizar o que para eles é normal e inevitável), vida noturna (já institucionalizou-se em muitas Igrejas como algo que é particular de cada um e ninguém tem nada com isso), bebidas, cigarros, más amizades, palavrões, desrespeito e rebeldia, etc. Se por um lado a Igreja é um hospital, onde as pessoas buscam cura de seus pecados e mazelas, o que vemos hoje em dia é a invasão do mundanismo mudando costumes bíblicos e cristãos por outros vindos do mundo. Não me refiro a crentes novos na fé que talvez tenham dificuldades em entender a Palavra de Deus, mas há uma gama de crentes velhos, criados na Igreja, frequentando Escolas Dominicais, muitos líderes e até oficiais, que defendem pontos de vista humanistas, tentando coaduná-los com a Palavra de Deus. O que é isso? NEO-LIBERALISMO CRISTÃO, a sepultura de muitas Igrejas na Europa, Estados Unidos e Brasil. Nada mais que as vãs sutilezas das ideologias e filosofias do mundo embaraçando o caminhar da Igreja. Mas Deus é mais poderoso que o liberalismo, e os eleitos de Deus permanecerão de pé, não cairão.

Aqui em Cl 2:8 há três peneiras para visualizarmos todas as tentativas de invasão da nossa mente, e que devemos evitar, tomando todo cuidado. Trata-se de ideologias, valores, comportamento, pensamentos e modo de viver que são:

Conforme a tradição dos homens, 
Conforme os rudimentos do mundo, 
E não segundo Cristo, “porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade”.

Basta observar se tais pensamentos, ideias e costumes são de acordo com a Palavra de Deus, se se não forem devem ser descartados. Por que será que Deus é tão criterioso nessa questão da mente? Por que Ele é tão rigoroso quanto ao que ocupe o nosso pensamento? Por que Deus quer que sejamos assim? Obviamente porque os pensamentos definem a nossa vida, Ele quer que sejamos salvos, e só há um modo de se chegar ao Céu, que é o caminho da santidade. Ou seja, só há um Deus e Senhor, que é Santo, Santo, Santo, que deve ser adorado, reverenciado, seguido e obedecido, e todos os que se oporem a Ele tropeçam e caem (1 Pedro 2:7-8). 

E a eleição?

Alguns poderiam pensar que esse ponto de vista contrarie a santa doutrina da eleição dos crentes. Porém, sob o aspecto teológico da eleição, os eleitos de Deus são os que perseverarem na Palavra até o fim (Ap 2:10). Os que se desviaram da Verdade nunca foram salvos (1 Jo 2:19). Cabe a cada servo de Deus, fiel e sincero, buscar confirmar a sua eleição permanecendo de pé, firme na Palavra, em Suas inefáveis promessas e maravilhosos mandamentos (2 Pe 1:10). 

3 – Sendo aperfeiçoados (9b-10)

A estrada da vida cristã prazerosa não tem estacionamento, não se pode parar de buscar a perfeição. Não há alegria espiritual se não formos renovados pelo Pai, não há gozo celeste se vivermos como éramos no passado, não há prazer de ser cristão se não formos modelados, lapidados e limpos por nosso Oleiro Santo dia a dia. E a Palavra nos diz que temos que ser “aperfeiçoados”, o que é isso? Já vimos no item anterior o que é perfeição para os crentes aqui na Terra, que aguardam o vindouro Dia do Senhor, quando seremos transformados conforme a Sua imagem (1 Co 15:52). Mas enquanto esse dia não chega, devemos viver focados na busca da perfeição. Como isso se processa? O texto sagrado nos dá duas diretrizes quanto a essa questão que é tão premente na nossa vida com Deus.

3.1 – Estamos sendo aperfeiçoados por Deus, Ele É quem faz a obra em nós, e não nós em nós. Temos que participar ativamente desse processo de transformação, claro, exercendo nossa livre agência, isto é, a liberdade que temos em escolher como agir, escolher e decidir. Porém, é Ele Quem nos capacita e opera em nós o querer e o realizar (Fp 20:13), é Ele quem nos liberta (Jo 8:32), é Ele quem espreme nossas feridas (Is 1:6), Quem nos cura (Sl 103:3), nos fortalece (Ef 6:10; Fp 4:13; 1 Pe 5:10), aprimora (Jr 18:6), limpa e depura (Dt 4:24; Zc 13:9). O nosso gozo, alegria e prazer é saber que Deus cuida, e opera em nós a Sua obra, e essa obra é santa e perfeita.

3.2 – Esse aperfeiçoamento acontece de modo contínuo, crescente e progressivo. O texto sagrado deixa claro que essa obra ainda não está acabada, mas que estamos sendo aperfeiçoados. A palavra “também” nos conecta com o que foi dito anteriormente, mostrando que o alvo de Deus em nós é nos fazer semelhantes a Jesus: 

“[...] porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nEle, estais aperfeiçoados.” (Cl 2:9-10). 

Essa verdade deve ser extremamente prazerosa na vida do crente, visto que as nossas fraquezas nos fazem sofrer, mas a Palavra de Deus nos prova que Deus está fazendo uma obra progressiva, contínua e crescente em nossas vidas. Resta-nos render-nos a Ele confiantes de que Ele, que É fiel, completará a Sua obra em nossas vidas (Fp 1:6).

CONCLUSÃO

Onde está o seu prazer de viver? Qual é a sua alegria? Cuidado com aquela sensação de que a nossa alegria está nas coisas do mundo, no sexo ou no dinheiro. As coisas do mundo que não desagradem a Deus, o sexo no casamento, e o dinheiro que Deus nos concede como fruto de nosso trabalho, podem sim nos dar alegria, mas não a alegria de viver. São coisa secundárias que falham e acabam, mas a alegria que Deus nos concede é eterna, não acaba nunca! É uma alegria diferente de tudo mais que nos cerca. Cabe a nós observar com cautela o nosso coração (...) cuidando para que ele não nos engane, vigiando para que a alegria em servir a Deus jamais se apague, mas que esses valores sejam claros e notórios em nossos corações: andando nEle; não se deixando enredar, sendo aperfeiçoados nEle.

Pr. Paulo Sergio Visotcky da Silva
19/06/16 culto matutino
IPB de Brasilândia

Material de apoio:
Pequena Enciclopédia Bíblica
Google dicionários
SDG!!!

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